Por Gabriella Destefani da Costa*
Nelson Mandela, ou Rolihlahla Mandela (em xhosa, “aquele que puxa o galho da árvore” ou “causador de problemas”), foi um ativista sul-africano que se destacou não só por sua luta contra o racismo institucional vigente em seu país, como também por seu engajamento político, o qual o promoveu ao posto de primeiro homem negro eleito para a presidência da África do Sul.
Mandela nasceu no dia 18 de julho de 1918, na vila de Mvezo, localizada no território da União Sul-Africana, ex-colônia inglesa na África do Sul. Vindo de uma família da nobreza dos Thembu, povo que pertencia à etnia Xhosa, ele começou a frequentar, logo cedo, uma escola primária local dominada pelos ensinamentos britânicos. Seu pai o enviou a essa escola com o objetivo de que, ao aprender tais ensinamentos e combiná-los com os que já possuía de sua cultura Xhosa, ele se tornaria um líder melhor para sua comunidade. Durante esse período, recebeu o nome de Nelson Mandela. Anos depois, quando seu pai faleceu, ele passa a ser tutelado por outro líder Xhosa e muda de cidade para continuar sua instrução.
O ativista descreve, em sua autobiografia, como o ritual xhosa de passagem para vida adulta foi vital para sua decisão de lutar contra o domínio de seu povo pelos colonizadores europeus. Em 1939, Mandela ingressa no curso de Direito da Universidade de Fort Hare, dedicada apenas aos estudantes vindos da elite negra. Nesse espaço, inicia seus trabalhos no ativismo, participando dos movimentos estudantis de sua faculdade e, pela primeira vez de tantas ao longo de sua história, vê-se reprimido por isso e é expulso da instituição. Após, uma pequena estada em Johanesburgo, o jovem decide retomar os estudos, formando-se em Direito e bacharel em Artes. Assim, a partir desse engajamento acadêmico, Mandela e seu amigo de faculdade, Oliver Tambo, criam o primeiro escritório de advocacia conduzido por pessoas negras na África do Sul.
No ano de 1949, foi sancionado o regime segregacionista no país, chamado de “apartheid” (que significa “separação”, no africâner), vigente até a década de 1990. A cor de pele tornou-se o critério de garantia ou não de direitos civis e políticos. A população sul-africana negra, maioria no território, viu-se legalmente segregada do resto dos cidadãos brancos, sendo submetida a restrições que limitavam sua qualidade de vida. Nesse contexto, Mandela ingressa verdadeiramente no campo da militância, a fim de denunciar as atrocidades dessa estrutura cruel e defender a população oprimida.
Na mesma década, visando incrementar sua luta social contra o apartheid, o ativista ajuda a fundar a Liga Jovem do Congresso Nacional Africano (African National Congress- ANC). A abordagem inicialmente utilizada pela sua organização consistia na desobediência civil (descumprimento coletivo das leis de segregação) e na política da não violência. Entretanto, com a intensificação da repressão policial sobre as manifestações contrárias a esse regime, Mandela e seus aliados tentaram organizar uma luta armada para enfrentá-lo diretamente. Em 1963, nos preparativos para esse ataque, Nelson Mandela foi preso e condenado à prisão perpétua.
Apenas na década de 1980, com a pressão internacional para o fim do sistema de segregação vigente, as autoridades sul-africanas abriram as negociações para libertá-lo. No dia 11 de fevereiro de 1989, Mandela estava novamente nas ruas da África do Sul. Logo após ser liberto, o ativista engajou-se na construção de uma nova democracia para seu país, negociando com os órgãos internacionais uma nova Constituição para a África do Sul. Por esses e por muitos outros atos, Nelson Mandela foi homenageado com o Nobel da Paz, uma vez que ajudou a pôr fim ao regime do apartheid e promoveu uma transição pacífica para o novo sistema implementado. Em 27 de abril de 1994, com as primeiras eleições democráticas da história sul-africana, Mandela foi eleito presidente da África do Sul, atuando ativamente na arena política, após o fim do seu mandato, até 2004. Seu governo foi marcado pela aprovação de uma nova Constituição para o país e o estabelecimento de uma Comissão de Verdade e Reconciliação, a qual ficou responsável por analisar as violações aos direitos humanos durante o apartheid.
Em dezembro de 2013, Nelson Mandela falece aos 93 anos. Em homenagem aos seus 67 anos de serviços à sociedade sul-africana e ao mundo, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 18 de julho, data de seu nascimento, como Dia Internacional Nelson Mandela. A ideia da instituição internacional foi apresentar uma proposta para que cada indivíduo, nessa data, realizasse uma ação voluntária de 67 minutos, representando o tempo que o ativista se engajou em sua luta pela liberdade, pela justiça e pela democracia.
*Gabriella Destefani da Costa é voluntária do NuCA/SIPAD e estudante de Ciências Sociais na UFPR.
Referências:
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/nelson-mandela.htm
https://www.infoescola.com/biografias/nelson-mandela/
https://www.ebiografia.com/nelson_mandela/